Manuel Garcia Redondo (1854-1916)

ISBN: 978-65-00-51398-1

Garcia Redondo por Tarsila do Amaral.
Fonte: Centro Cultural de São Paulo.

Manuel Ferreira Garcia Redondo nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 7 de Janeiro de 1854 e faleceu em São Paulo, SP, em 6 de outubro de 1916. O filho de Manuel Ferreira de Souza Redondo e de Francisca Carolina Garcia Redondo frequentou a Universidade de Coimbra cursando humanidades por alguns semestres. Durante seus estudos em Portugal, teve contato com muitos poetas e escritores e tornou-se amigo de amantes da literatura e das artes. Dentre os quais podemos citar Gonçalves Crespo[1], Guerra Junqueiro[2] e Cândido Figueiredo[3], aqui é possível observar a efervescência do que, no futuro, alimentaria a sua verve literária.

Em Portugal, colaborou no Novo Almanaque Luso-brasileiro de Lembranças e fundou O Peregrino, periódico literário, onde teve por companheiros de redação Augusto Bittencourt e Sergio de Castro. No Rio de Janeiro, colaborou n’A República em sua primeira fase, quando redigida por Salvador de Mendonça, e na segunda fase em 1878; na Ideia, periódico literário; no Mosquito, semanário humorístico; no Jornal do Comércio; no Repórter, onde publicou folhetins semanais, e na Revista de Engenharia. Pseudônimos: Um contemporâneo, Um plebeu, Cabrion, Pepelet, Gavarni, Nemo, Childe Harold (Academia Brasileira de Letras).

Garcia Redondo contribuiu em diversos periódicos e colaborou em algumas revistas. Enquanto estava em Portugal, escreveu para o Novo Almanaque Luso-Brasileiro de Lembranças e foi fundador do periódico literário O Pelegrino e teve como companheiro de redação Augusto Bittencourt e Sérgio de Castro.

Apesar desse encontro no mundo das artes, decide abandonar os estudos em Coimbra e, em 1872, ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro onde obteve o grau de engenheiro e bacharel em ciências físicas e matemáticas. No final da mesma década, em 1878, quando se mudou para a capital de São Paulo, foi nomeado fiscal de obras da Alfândega de Santos, onde criou o primeiro sistema de esgoto digno desse nome. Viveu na cidade até 1884.

Durante esse período, participou de importantes e significativas construções, como o Teatro Guarani, que ficou completamente pronto em 7 de dezembro de 1882. O nome foi dado em homenagem a José de Alencar. O local foi palco importante de diversas manifestações artísticas e culturais, além disso foi um espaço muito rico para discursos e revoluções sociais. No imóvel idealizado por Garcia Redondo, José do Patrocínio discursou acerca do movimento abolicionista e palco para atos republicanos e até para importantes despedidas, como o funeral de Carlos Gomes (1896). É notável o seu interesse e destaque por construir espaços que sirvam e difundem novas ideias, novos conceitos e propagam arte e transformação. 

Sobre sempre alimentar a sua construção literária, no Rio de Janeiro, deixou registros em palavras no A República, no periódico literário A Ideia, no semanário humorístico O mosquito, atuou como repórter no Jornal do Comércio, escreveu na Revista da Engenharia, na Atlântida e no caderno Poemas da Juventude da Revista Feminina.

Além dos textos assinados por ele, assim como diversos outros autores da época, usou de pseudônimos para escrever, tais como: Um contemporâneo, Um plebeu, Cabrion, Pepelet, Gavarni, Nemo, Childe Harold.

Em sua Bibliografia, disponível no site da Academia Brasileira de Letras, temos as seguintes obras publicadas: O desfecho de um desafio (1877); Breve notícia sobre a fabrica de productos ceramicos de Santa Cruz, sita na ilha do Governador (1880); Arminhos, contos ligeiros (1882); O attentado da rua S. Leopoldo (1882); Mario, drama (1882), O dedo de Deus, comedia em 2 actos (1883); O urso branco, comedia em 1 acto (1884); Relatorio sobre o caes dos Santos (1884); Geometria para Operarios (1879); Descrição do municipio de Santos (1880); Caes dos santos (1884); Ferro-via Pinhalense, estudos (1887); Em prol da lavoura (1895); Perfil biographico do dr Bernadino de Campos (1895); Caricias, botanica amorosa (1895); A choupana das rosas (1897); Botanica elementar (1898); Uma revolução agricola, trad; Novos Contos; Bom humor e vida airada, paginas alegres; Historias para crianças e Molestias e bichos.

Uma de suas obras mais conhecidas mescla fatos da história com a leveza da prosa, a obra O Descobrimento do Brasil mostra bem a nossa diversidade e curiosidades transformadas em frases. Em 28 de janeiro de 1827, devido a sua notória contribuição e a sua rede de contatos e amizades, foi convidado para a reunião da fundação de um novo silogeu brasileiro. A cadeira de número 24 da Academia Brasileira de Letras, que tem Júlio Ribeiro (1845-1890) por patrono, foi fundada por Garcia Redondo, ao qual sucedeu Luís Guimarães Filho (1878-1940).

Apesar de sua importância e ser um propulsor desse movimento modernista, que chega ao ápice com a Semana de 1922, não foram encontrados muitos e variados estudos sobre o autor. Nota-se que fazia parte de muitos círculos literários, não só aqui no Brasil, mas também em Portugal, de movimentos novos e habituado a colaborar com a imprensa e com a produção e circulação em periódicos de textos literários.

Garcia Redondo veio a falecer em São Paulo, no dia 06 de Outubro de 1916. Ainda neste ano, em janeiro de 1916, o autor publicou um texto em formato prosa na seção “Poemas da Juventude” da Revista Feminina chamado Enfim!. No enredo, Garcia traz uma descrição dos sentimentos de um casal em sua festa de casamento. Um olhar experiente e apaixonado do narrador.

Recheado de tradicionalismo que desenham o momento do casamento, com flores, véu, traz a festa de casamento de um casal apaixonado. Uma mistura de leveza e traços singulares de observação do narrador. Esse texto foi publicado cerca de 9 meses antes do registro de sua morte. De uma forma simbólica, contempla a vida de um observador, questionador e que buscou inserir novas ideias e novas abordagens na percepção de história e acesso a cultura e literatura.

Garcia Redondo foi um pesquisador do novo mundo e fez com que suas ideias circulassem por diversos espaços. Tornando-o vivo e pulsante em paredes, monumentos e textos. Não é um escritor muito conhecido nos dias de hoje, mesmo tendo seus principais escritos publicados no Brasil e em Portugal. Foi no conto que se tornou famoso Garcia Redondo, que chegou a ser, nos anos que antecedem imediatamente a Proclamação da República, um dos escritores mais lidos do Brasil.

REFERÊNCIAS

Abílio Manuel Guerra Junqueiro. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/abilio-manuel-guerra.htm. Arquivo consultado em 18 de julho de 2022.

Anais do SILEL. Volume 3, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2013. Disponível em http://www.ileel.ufu.br/anaisdosilel/pt/arquivos/silel2013/2122.pdf. Arquivo consultado em 16 de junho de 2022.

Arquivo Garcia Redondo. Academia Brasileira de Letras (Conteúdo Hemeroteca). Disponível em: https://docvirt.com/docreader.net/docmulti.aspx?bib=ABL_ArqGR. Arquivo consultado em 01 de agosto de 2022.

Cândido de Figueiredo. Portal da Literatura: o portal da literatura em português. Disponível em: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=3307. Arquivo consultado em 18 de julho de 2022.

Correio Paulistano. São Paulo: ed. 15833, 12/09/1907, p. 5. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=090972_06&pasta=ano%20190&pesq=Hontem,%20as%209%20horas%20da%20manh%C3%A3,%20soltei%20no%20Jardim%20P%C3%BAblico%20da%20Luz,%20seis%20pardaes&pagfis=11557. Arquivo consultado em 14 de junho de 2022.

COUTINHO, Afrânio; SOUSA, José Galante de. Enciclopédia de literatura brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional; Academia Brasileira de Letras, 2001.

Garcia Redondo. Academia Brasileira de Letras. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/garcia-redondo/biografia. Arquivo consultado em 16 de junho de 2022.

Garcia Redondo. Infopédia. Disponível em: https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$garcia-redondo. Arquivo consultado em 16 de junho de 2022.

Garcia Redondo. UFSC – Literatura Brasileira. Disponível em https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/autores/?id=6789. Arquivo consultado em 16 de junho de 2022.

Gonçalves Crespo. Literaafro: o portal da literatura afro-brasileira. Letras UFMG. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/263-goncalves-crespo. Arquivo consultado em 18 de julho de 2022.

REDONDO, Garcia. O boi e o burro. In: O Paiz. Rio de Janeiro: ed. 04401, 26/08/1894, p. 3. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=178691_02&pasta=ano%20189&pesq=Boi%20e%20o%20Burro%20Garcia%20Redondo&pagfis=10544. Arquivo consultado em 11 de julho de 2022.

SILVA, Márcia Cabral. LIVROS EM COLEÇÕES: O CASO DA BIBLIOTECA INFANTIL DA LIVRARIA QUARESMA (1894-1960).

Teatro Guarany. Site São Paulo Antiga. Disponível em https://saopauloantiga.com.br/teatro-guarany/. Arquivo consultado em 16 de junho de 2022.


Notas

[1]  Antônio Gonçalves Crespo nasceu em 1846, no Rio de Janeiro. Formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, onde viveu desde os 14 anos. Exerceu o cargo de redator do Diário das Câmaras e do Jornal do Commercio, de Lisboa. Na literatura brasileira, é focalizado sobretudo pelo fato de sua obra Miniaturas (Lisboa, 1870) incluir-se entre nossas primeiras e mais influentes manifestações parnasianas.

[2] Célebre poeta anticlerical português nascido em Portugal, de sólida influência francesa e que obteve em suas sátiras efeitos de caricatura que intensificaram a retórica de seus versos. Frequentou a Faculdade de Teologia (1866-1868) que abandonou para seguir para a Universidade de Coimbra onde se formou em Direito (1868-1873) e passou a frequentar ambientes de intelectuais e políticos.

[3] Lexicólogo, jornalista, poeta e tradutor. Formou em Teologia e, em 1874, graduou-se em Direito pela Universidade de Coimbra.


Luiz Fernando da Costa Soares

Bolsista de Iniciação Científica (Cnpq/UERJ)

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